Aquele dia que tive que me manifestar

Ou seria, "manifestar-me". Sempre achei o máximo essa história de próclise, mesóclise e ênclise, problema é que nunca entendi direito. O professor Élio, de gramática, dizia que caso de próclise é só quando há "palavras atrativas" - como ele chamava - só que nunca lembro destas atrativas aí...

O professor Élio era professor de cursinho, e sabe o que eu sinto falta de professor de cursinho? Eles sabiam o que cairia no vestibular, repassavam isso e pronto, acabou. Sem margem para lição de moral e discussões sobre certo e errado, salvo algumas aulas de redação. E este é o momento em que Aquela Bruna do 1º ano manifesta-se. Saudades disso? A Bruna não era aquela que não perdia uma discussão, principalmente sobre assuntos discutíveis, política, economia, etc...?

Eis aí a grande diferença entre esta e aquela. Entre ontem e hoje. Eu costumava adorar uma discussão sobre algum assunto polêmico e/ou ideológico. Buscava isso com os professores na aula e encontrava respostas e mais perguntas de algumas das minhas colegas - e grandes amigas - enquanto o resto da sala caia na distração.

Mas eu tinha 15 anos e queria salvar o mundo.

Hoje eu tenho 19 e não sou mais tão iludida.

Não que a tentativa de salvar o mundo, as discussões e o jeito pseudo-crítico (conforme já me definiram) não tenham ajudado em nada. Não salvei o mundo, mas aprendi a pensar. Hoje, ao invés de repetir o que falava quando tinha 15 anos - que em sua maioria eram conceitos direto do "livrinho básico do senso comum" - eu procuro ficar calada, deixo para buscar uma resposta. Salvo algumas exceções, como quando o excesso de hipocrisia, na hora da lição de moral e das discussões sobre o certo e o errado, aparecem em uma aula, não mais de cursinho, muito menos de ensino médio.

Parece que eu fui a única que abandonou o "livrinho básico do senso comum"...





Um comentário:

  1. Realmente professores de cursinho são mais objetivos, e raramente discutem alguma coisa para "o nosso futuro" ou o futuro do mundo.

    Hoje, no entanto, essas discussões estão em moda: filosofia ambiental, responsabilidade social, eco 92, aquecimento global, ética, moral, psicologia nas relações, há tanto assunto, há tanto livro sobre mil coisas nas bibliotecas, e na verdade não se discutem em profundidade.

    Pensar é bom. Agir também é bom. Pensar ajuda no agir, e vice-versa. Sobre salvar o mundo, a gente salva o mundo do nosso jeito. Cada um de nós.

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