Aquelas superstições de ano novo*

* sugestão do Fellipe

Passaram-se 7 dias e 10 horas desde a tão esperada meia-noite. Antes disso, muitos estavam enchendo seus bolsos dos trocados que ainda lhe restam, vestindo-se de amarelo, vermelho, branco, revisando os números da mega-sena, falando da mega -sena e da vida imaginária que teriam se, contra todas as estatísticas, tivessem escolhido aqueles 6 números na hora certa.

Ainda nas vésperas do "novo ano", uns pobres porquinhos devem ter esquecido de usar a cor certa na virada do ano anterior e estão assando, pois "fuçam para frente". As galinhas tiveram mais sorte nesse dia, "ciscam para trás".

Então chegam os tão esperados 10 segundos para meia-noite (no horário local), as pessoas começam a contar, gritar, os fogos são queimados, e puf. Era isso. Nada mais aconteceu, no próximo dia útil, é para o mesmo local de trabalho que muitos seguiriam, para a mesma casa, a mesma vida.

As supertições de ano novo só refletem algo destas "mesmas vidas" e de nós. Nas proximidades da meia-noite eu vi pessoas chorando com saudades de alguem que perderam. Outras preocupadas em finalmente fazer algo que melhorasse sua realidade. E algumas simplesmente angustiadas por "não sei o que".

Nessa hora eu perguntei a minha tia quais as suas resoluções para o ano novo. 50 e tantos anos e com um sorriso no rosto ela me respondeu:

-Vou passear bastante.

Ela já estava de passagem comprada.








Um comentário:

  1. Agora vou comentar aqui =)

    ano novo, tudo novo, será? por trás da aparente felicidade das famílias, está uma aparente superficialidade das épocas de festa, em que todos devem se reunir para dizer que são uma família, que não são desunidos, que estão no mesmo barco, que estão no mesmo rumo, mesmo com suas diferenças.

    E então, um tio suspira: "meu filho esse ano vai estudar no Canadá", enquanto outra tia já aumenta:"ah, Canadá minha filha já foi, esse ano ela vai para França, fazer mestrado lá", como se a roda festa à mesa fosse mais uma competição de talentos, do que uma cerimômina de amizade familiar.

    Sempre há uma prima ou primo antigos que há anos não aparecem nas cerimôminas "religiosas" antes da virada, e aí viram comentários obviamente: "O que Rodrigo deve estar fazendo e Ana?"

    Alguns se isolam num canto afastado da mesa, após comer. Outros contam piadas sobre os que não estão à mesa, alguns vão lavar louça, outros ficam à mesa comendo a sobremesa. Outros continuam no ritual de colocar mais líquido para dentro do organismo, aquela cervejinha que não está mais gelada, mais insiste em entrar, sem pedir para entrar.

    A festa vai terminando após os fogos, e o destino de cada um é sua casa, já que essa casa foi a escolhido por todos para a cerimônia oficial. E só daqui a um tempo para uma reunião como essa, porque quem vai querer reunir a família sem uma data especial? Até a próxima virada!

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